Vi uma entrevista da galera da Summit para o Hollywoodreporter bem interessante.
Segue a matéria.
Por anos, Rob Friedman e Patrick Wachsberger não foram muito amigos. Friedman era interno da corporação que passou anos na Warner Bros. Antes de se tornar Vice Presidente e COO [a pessoa responsável por controlar as atividades diárias de uma corporação] da Paramount, e então seguiu caminhos diferentes no estúdio quando Brad Grey tomou seu lugar em 2005. Wachsberger, um francês sociável, se estabeleceu como o guru de vendas mais top da Summit Entertainment.
Daí, quando os dois resolveram fazer negócios juntos em Abril de 2007, reinventando a Summit como uma produtora e distribuidora de seus próprios filmes, os céticos quiseram saber como uma produtora de filmes alternativos (apoiados em uma verba de $1 bi por Merrill Lunch) poderia sonhar em competir com os estúdios maiores com filmes de baixo orçamento.
Apesar dos fracassos, como o largamente promovido “Sex Drive” (que arrecadou $8.4 mi) e a animação em 3D “Os Moscaunautas no Mundo da Lua” (arrecadou $12.4 mi), esses filmes largamente rejeitados foram silenciados, graças ao mais novo hit de massa “Crepúsculo” feito com $38 mi, e que arrecadou $180 mi desde sua estréia em Novembro. E o mais importante: isso gerou um negócio equivalente a uma oportunidade de ouro: uma franquia confiável.
Friedman e Wachsberger provaram que ainda há espaço para pensar nos filmes independentes, prova disso, eles foram nomeados para receber em 2009 o Prêmio Nielsem Impact por sua contribuição no mercado independente, e que será apresentado durante o Sundance Film Festival. Eles estiveram com Matthew Belloni e Stephen Galloway do The Hollywood Reporter para uma entrevista.
The Hollywood Reporter: Como Crepúsculo mudou a companhia?
Rob Friedman: Bem, as pessoas estão sorrindo bem mais que antes.
Patrick Wachsberger: Definitivamente há uma mudança. Primeiro, é fantástico pra todos os nossos colegas. Segundo, é fantástico financeiramente. Terceiro, eu acredito honestamente que não cometemos erros; Eu não acredito que nenhum outro estúdio poderia ter feito um trabalho melhor. Mas eu não acredito que isso seja raiva ou inveja – todos olhavam pra isso como um pedacinho de boas noticias em um tempo realmente ruim. Sim, há esperança. Há esperança na comunidade bancária, há esperança para os produtores independentes e outros estúdios podem fazer isso acontecer a eles em um filme de baixo orçamento sem ser um filme “estrelado”. As coisas também mudaram do ponto de vista das agências. É como, “Vejam esse pequeno filme vindo do nada, apoiado por esse novo estúdio. Eles realmente provaram que eles podem fazer basicamente (o que os grandes fazem) bem ou até melhor”.
THR: Fora esse sucesso, você está indo numa direção um pouco diferente com o diretor Chris Weitz para a seqüência Lua Nova.
Patrick Wachsberger: Se olhar para Harry Potter – ou outro filme do mesmo tipo, Eu não poderia comparar – mas eles mudaram de diretor a cada filme. O segundo livro é ligeiramente diferente. Existem novas características e mais efeitos visuais. Catherine fez um trabalho fantastico em Crepúsculo, e há um sentimento natural no filme que ela criou e que iremos manter. O primeiro filme foi mutio bom, e esperamos que o segundo filme seja ainda melhor.
THR: O que aconteceu com Catherine?
Friedman: Basicamente, tivemos visões diferentes sobre o que o filme deveria ser, e decidimos que o melhor rumo para os fatos era seguir como amigos. Ela fez um trabalho fantástico com Crepúsculo e continua a promovê-lo. Ela continua trabalhando conosco no filme – o DVD, ela está fazendo a direção de edição. Nós somente concordamos que temos visões diferentes.
THR: Lua Nova continua com o mesmo orçamento de $38 mi ?
Friedman: Não. O próximo terá um orçamento maior que esse. Acreditamos que o filme vai ser naturalmente mais caro que esse. Seqüências costumam ser mais caras, e nós temos mais efeitos especiais.
Wachsberger: E locações. No segundo filme haverá seqüências na Itália.
THR: Toquei nesse assunto porque Edward está fora da tela na maior parte de Lua Nova, terão elementos do segundo e terceiro livro combinado no segundo filme?
Wachsberger: Não, mas Edward estará presente no filme.
THR: Patrick, você é um cara de filmes independentes que está se tornando um executivo. E Rob, você é o clássico cara de estúdios que agora está entrando no mundo dos filmes independentes. Como foi pra cada um de vocês se ajustar a isso?
Wachsberger: Pra mim, é um processo de aprendizagem que começou há 19 meses, pois francamente eu nunca tive que lidar com distribuições menores. Eu estava vendendo o filme, tentando fazer o melhor acordo.
Wachsberger: A forma como controlamos essa companhia é fazendo com que os vários departamentos estejam realmente envolvidos desde o começo. Em outras palavras, não há nenhum filme que chegue ao ponto de ser aprovado e que haja alguém chegando e dizendo: “O que é isso? Do que estamos falando? Por que estamos fazendo este filme?”. Eles estão bem presentes desde o processo de desenvolvimento. Eles sempre podem dar sua opinião.
THR: O que te surpreendeu mais no processo de distribuição?
Wachsberger: Os custos da estréia. Quando você repassa os detalhes e fracassa, eu não tinha idéia de que essas coisas eram tão caras. E o processo de encontrar uma data para a estréia, esse campo minado, eu não tinha idéia.
Friedman: Quando começamos a companhia, sabíamos que estávamos tentando criar uma nova visão do que era um estúdio. Nós queríamos tudo que era fundamental e os mais eficientes, ambos com muito esforço e muito custo. Então isso era um exercício diário, se não de hora em hora, pra ter certeza que estávamos planejando uma grande visão – mas com uma execução e com uma equipe economicamente menor. Lançamos Crepúsculo com uma equipe de menos de 150 pessoas no geral. A maioria dos departamentos de marketing dos estúdios tem mais que 150 pessoas. A idéia de que nós executamos toda essa franquia gigante com menos gente do que a maioria dos departamentos de marketing ou coisa assim, quando você pensa sobre isso, é extraordinário.
Wachsberger: A maneira como conduzimos essa companhia é que todos os departamentos estavam realmente envolvidos no processo. Em outras palavras, nunca será um filme que no processo de “tela verde” alguém vai chegar e dizer, “O que é isso? Do que estão falando? Porque estamos fazendo isso?” Eles estão mesmo lá no processo de desenvolvimento. Eles podem até dar suas opiniões.
Friedman: E onde muitos estúdios têm “cercadinhos”, nós não temos nenhum.
THR: O que os estúdios podem aprender com o que vocês fizeram?
Friedman: Eles precisam ser cuidadosos com os independentes que aparecem e capturam um segmento de mercado ou uma data de estréia. Muitos estúdios nem olham para os filmes independentes. Eles olham para o que a Paramount ou a Disney fazem, e enquanto eles pensam sobre esse meio competitivo estão focados neles e não nos caras menores. E daí Crepúsculo pra muitas pessoas, veio de lugar nenhum.
THR: É o inverso? Devido ao sucesso de Crepúsculo, vocês estão convencendo mais estúdios a seguir na linha de franquias de filmes?
Friedman: Sim, nós temos conhecimento nisso, que é algo muito superior, sem ser caro que vai passo a passo competir com os caras grandes. “Push” é um suspense que está com o orçamento na medida, mas é um filme da linha de frente, de ampla liberação comercial. Nós estamos realmente atrás de franquias de qualidade. Nós chegaremos aos $100 milhões mais os negócios de produção? Não.
Wachsberger: Bem, podemos, mas com algumas parcerias. Esperamos poder reinventar “Highlander”. Adquirimos os direitos – e é mesmo muito complicado – estar apto a fazer uma introdução do filme original, e isso é algo que esperamos mudar como uma franquia. Nesse momento estamos fazendo os primeiros desenhos para o roteiro dos escritores e co-escritores de Homem de Ferro. (Art Marcum e Matt Holloway).
THR: A proporção em desenvolver características para produzir é muito lenta. Quantos projetos vocês tem em desenvolvimento nesse momento?
Friedman: Atualmente, em torno de 35. Pegamos 150 scripts por semana, mas as matérias que recolhemos são materiais que usaremos pra fazer filmes. Os estúdios tendem a armazenar material. Eles fazem isso pra usar e eles fazem isso pra tirá-los de circulação e ter aquela abundancia de materiais a disposição deles. Nós vemos tudo, mas só consideramos o que pretendemos usar pra fazer um filme a respeito. Produziremos 8 e adquirimos outros 4. Nossa meta ainda é de 12 a 15 filmes por ano.
THR: Com a crise financeira mundial, qual o prazo em que você acha que o dinheiro vai começar a ir para o mundo dos filmes independentes?
Friedman: Não há dinheiro agora. Acreditamos que nos próximos 3 a 6 meses as coisas possam mudar. Eventualmente os bancos voltarão a seguir o fluxo. Não será mais do que vimos, mas eu acho que há companhias independentes bem fortes que tem bons perfis de risco.
THR: Vocês estão sendo abordados por algumas companhias que oferecem rios de dinheiro em troca de Crepúsculo?
Friedman: Nós nos tornamos a garota mais bonita do baile (risos). Olha, isso envolve um plano de negócios. Estamos procurando aquisições, pra livrarias e algo do tipo? Isso envolveria uma parceria? Potencialmente é claro. Esse parceiro deveria nos trazer equidade ou dinheiro pra isso? Francamente. Estamos abertos a discutir com todos sobre tudo.
THR: De que forma a desaceleração financeira afetou seus negócios?
Wachsberger: Nós fomos cuidadosos na nossa seleção de filmes que ofereceríamos ao mercado estrangeiro. Viemos de Cannes com 4 filmes, pensando que se a coisa não fosse bem, não doeria muito. E nós fizemos muito bem. Saiu melhor que nossas projeções. Então, hoje estamos bem. Estamos protegidos de uma crise maior? Não.
THR: A sua aposta fundamental foi de que poderia fazer isso funcionar se tivesse uma distribuição menor. Ainda é assim?
Friedman: Quando você olha para os potenciais perfis de risco, a oportunidade que enxergamos foi de dirigir nosso riscos internos através das vendas estrangeiras e licenças de operação. Isso foi um fardo enorme no nosso perfil de risco.
THR: O que mais surpreendeu vocês em trabalharem juntos?
Wachsberger: Foi que ele não trouxe com ele aquela cultura de grande estúdio. Nós nos demos muito bem. “É algo que vai interferir na cultura do estúdio ou no jeito independente de fazer negócios?” e ele tem sido muito bom nisso.
Friedman: Eu sabia que Patrick tinha excelente relacionamento nesse meio, mas o quão detalhista e entendido ele é foi surpreendente.
THR: Nos próximos 5 anos veremos o mesmo tipo de mudança monumental nos negócios de filmes Americanos assim como estamos vendo na industria de automóveis?
Wachsberger: Felizmente, americanos fazem filmes muito melhores do que fazem carros
Original aqui.
Fonte : Foforks
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